Andamos há décadas a celebrar “artistas” com base no antifascismo, e não com base na qualidade da obra que promovem ou produzem. É uma injustiça e um desperdício de talentos.
Temos de falar sobre Simonetta Luz Afonso. Dedicou-se ao estudo, conservação, e valorização do património cultural português; dirigiu o Instituto Português de Museus, responsável pela rede de trinta museus nacionais; dirigiu o Palácio de Sintra e o Palácio da Pena; organizou, nos anos 80 e 90, os primeiros cursos de conservação e restauro que apareceram em Portugal.
No fundo, Simonetta Luz Afonso concentrou o percurso profissional em dois grandes assuntos, o património e a língua. Aproveito e peço penhoradamente, se entre responsáveis levianos ainda houver quem dê valor ao que ela diz, que Simonetta Luz Afonso exerça pressão para que alguém produza um dicionário universal de língua portuguesa.
Mas outro aspecto importante, talvez o mais revelador de todos, é a comparação com outras homenagens que se têm feito a pessoas da cultura pelos motivos errados, unicamente assentes no reconhecimento ao antifascismo. Sempre o mesmo reconhecimento estremecido ao antifascismo, uma, e outra, e outra glória, repetida e previsível como um realejo.
E compreende-se porquê. Simonetta Luz Afonso tem características pessoais e cerebrais que ajudam a explicar o grau de respeitabilidade do trabalho dela. Não é ocioso mencionar que é uma pessoa educadíssima, de uma suavidade espantosa na maneira como ouve, presta atenção, e responde às posições e atavismos dos outros. Mais do que isso, Simonetta Luz Afonso interessa-se pelo que pensa e diz o interlocutor.
Em resumo, e para uma outra visão de cultura, tiramos daqui três constatações. Primeira: os poderes públicos devem dar prioridade ao património, em vez da produção artística. É preciso fazer escolhas, o património é uma certeza, a produção quase sempre é uma incógnita. Muitas vezes nem sequer é artística, é só reverente e panfletária.
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